Maila Cristina, uma dona de casa, e seu marido Francisco José, técnico em segurança do trabalho, foram forçados a tomar uma decisão difícil em Barro Alto: deixar Souzalândia, distrito do município e se mudar para Goianésia. O motivo por trás dessa mudança abrupta foi a carência de suporte por parte da Prefeitura para o filho do casal, Heitor Dias, de 9 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em 2022.
Apesar da existência de uma legislação municipal que deveria garantir apoio, a família enfrentou uma verdadeira batalha em busca de assistência para o tratamento de Heitor. A Lei Municipal de Proteção à Criança Autista em Barro Alto, aprovada em 2023, de autoria do vereador Elismar Barbosa, foi promulgada pela presidente da Câmara dos Vereadores, Rogéria Santana, após o prefeito Álvaro Machado não a sancionar.
No entanto, quase um ano após a promulgação da lei, suas diretrizes ainda não foram implementadas, forçando Maila Cristina a buscar alternativas em outro município. O acesso a um projeto escolar direcionado para autistas em Goianésia, com seis terapias por semana, foi determinante para a mudança da família. No entanto, a falta de informações sobre o fornecimento de medicações, que representam uma parcela significativa dos gastos mensais da família, permanece uma preocupação.
O tratamento de Heitor demanda recursos consideráveis. Apenas os medicamentos somam aproximadamente R$ 1.500,00 por mês, sem contar outras despesas terapêuticas que podem elevar esse valor para até R$ 5 mil mensais em outros casos. A mudança para Goianésia trouxe novos desafios, como o deslocamento diário de quase 100 km para o trabalho de Francisco José em Souzalândia e o aumento do custo de vida em relação ao aluguel.
A resposta da Prefeitura de Barro Alto à situação destaca as ações realizadas pelo município para o amparo educacional e tratamento de crianças com TEA, incluindo acompanhamento por professores de apoio escolar e fonoaudiólogos. Além disso, menciona o lançamento de um edital de Chamamento Público para seleção de organizações interessadas em executar o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, especificamente voltado para o TEA, TDAH e outras condições similares.
A contestação da Prefeitura em uma ação judicial provocada por outra mãe de um garoto autista do município ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece opções de tratamento para o TEA, incluindo medicamentos, e que cabe ao autor da ação comprovar a necessidade do tratamento específico e sua incapacidade financeira para arcar com os custos.
Diante dessa situação complexa, a família de Heitor representa apenas um caso entre muitos que enfrentam desafios semelhantes em Barro Alto. Enquanto a Prefeitura destaca suas iniciativas, os desafios reais enfrentados pelas famílias demonstram a necessidade de uma ação mais efetiva e rápida para garantir o acesso ao tratamento e suporte adequados para as crianças autistas da região.