A recente suspensão dos serviços de integração de transporte público na cidade de Planaltina, operados pela empresa Amazônia Inter, gerou uma onda de insatisfação entre os usuários e levantou debates sobre a gestão do transporte público municipal. A decisão, que veio por meio de uma liminar obtida pela prefeitura e apoiada por alguns vereadores, interrompeu um serviço que, segundo relatos, vinha beneficiando a população ao reduzir significativamente o tempo de deslocamento entre bairros e regiões do Distrito Federal.
A Amazônia Inter, anteriormente conhecida como Expresso Planaltina, tem uma longa história de operação no transporte semiurbano interestadual. A empresa, que assumiu nova administração em dezembro de 2020, atua há 14 anos no município, ligando Planaltina a várias cidades do Distrito Federal, como Sobradinho e Plano Piloto. Com o tempo, a empresa ampliou suas operações para cobrir rotas de bairro a bairro, apesar de sua autorização inicial pela ANTT prever operações apenas de rodoviária a rodoviária. Essa expansão, embora tenha sido uma resposta às necessidades dos usuários, resultou em desafios econômicos para a empresa, que passou a acumular custos adicionais devido a quilômetros ociosos.
Em 2022, a Amazônia Inter implementou a bilhetagem eletrônica, possibilitando a integração das rotas e oferecendo aos passageiros a vantagem de reduzir o tempo de viagem em até duas horas diárias. De acordo com João Marques, proprietário da empresa, a iniciativa foi amplamente aprovada pelos usuários, com índices de satisfação entre 80% e 85%. Esse sistema de integração era visto como uma solução eficaz para melhorar a mobilidade urbana em uma região que enfrenta desafios significativos em termos de transporte público.
No entanto, a recente liminar emitida pela prefeitura suspendeu esses serviços de integração, obrigando os usuários a voltar às rotas antigas, que são mais demoradas e menos eficientes. A decisão gerou forte reação negativa entre os passageiros, que agora enfrentam o retorno de longas jornadas diárias de ônibus. “Levanto às três da manhã, e agora vou ter que passar mais uma hora de ida e uma de volta dentro do ônibus. Isso é um retrocesso”, desabafou um dos passageiros afetados pela mudança.
A suspensão dos serviços de integração também levantou suspeitas de motivação política. João Marques sugeriu que a liminar poderia ser fruto de insatisfações pessoais por parte do prefeito e dos vereadores que o apoiam. “Eles alegam que não estamos operando bem, mas isso não condiz com a realidade”, afirmou o proprietário da Amazônia Inter, que acredita que a decisão não leva em consideração o bem-estar dos usuários, mas sim interesses políticos.
A situação também reacendeu a discussão sobre a responsabilidade da prefeitura na oferta de transporte público dentro do município. Segundo a Amazônia Inter e parte da população planaltinense, a prefeitura tem negligenciado o transporte urbano, ignorando problemas como a operação de vans irregulares que circulam sem segurança e a falta de transporte público de qualidade.