Em Valparaíso de Goiás, o presidente da Câmara Municipal, Alceu Gomes, enfrenta suspeitas após a contratação de R$ 38.400 em refeições em um restaurante de luxo. O contrato, realizado sem licitação, foi denunciado pela vereadora Cláudia Aguiar ao Ministério Público, levantando questionamentos sobre a transparência da administração municipal.
O contrato, referente à aquisição de 800 pratos-feitos no restaurante Figueiredo, inicialmente destinado aos vereadores, alegava zelar pela saúde e bem-estar dos parlamentares. Entretanto, diversos vereadores e servidores negaram ter usufruído das refeições. Documentos indicam que, apesar dos pagamentos registrados no Portal da Transparência, nenhum servidor ou vereador consultado afirmou ter comido no local.
A investigação começou quando o Jornal Opinião do Entorno entrou em contato com a Câmara Municipal, revelando alterações nas informações do Portal da Transparência. O número do contrato, inicialmente registrado como 2024005328/2024, foi alterado para 019/2024, que descrevia a contratação para "atender os servidores em diversas atividades", contradizendo o objetivo inicial. Esses servidores, porém, já recebem auxílio-alimentação no valor de R$ 481,66, o que intensificou as suspeitas sobre a legalidade do contrato.
Entre os servidores consultados, houve relatos de desconhecimento do contrato, com um deles afirmando, sob anonimato: "Eu nunca comi no Figueiredo e também nunca fui lá com a Câmara pagando." Outro funcionário reforçou que a alimentação de servidores não era realizada pelo contrato questionado.
Parlamentares como Flávio Lopes, Fábio Morais e Édson Nunes também negaram qualquer participação nas refeições pagas pelo contrato. A vereadora Cláudia Aguiar, que apresentou a denúncia ao Ministério Público, afirmou que começou a frequentar o restaurante diariamente para verificar o uso das refeições pelos vereadores, mas até o momento não presenciou nenhum deles utilizando o benefício.
Apesar das negações, o Portal da Transparência da Câmara indica pagamentos de R$ 24.590,68 ao restaurante entre abril e agosto de 2024, correspondentes a 512 refeições. A falta de clareza sobre quem teria se beneficiado do contrato gerou forte repercussão na cidade e entre os parlamentares.
O restaurante Figueiredo, alvo da contratação, não forneceu uma resposta clara sobre o envolvimento no caso. Contatado diversas vezes, o estabelecimento não conseguiu indicar um responsável disponível para comentar o assunto.
Enquanto o mistério sobre o destino das refeições persiste, o Ministério Público segue analisando a documentação fornecida pela vereadora Cláudia Aguiar. A investigação agora se concentra em possíveis irregularidades no processo de contratação e pagamento, e a falta de transparência no uso dos recursos públicos é o principal foco das apurações.
A Câmara de Valparaíso ainda não se pronunciou oficialmente sobre as mudanças registradas no Portal da Transparência após as investigações. O fiscal do contrato mencionou que as alterações ocorreram devido à sincronização entre a equipe de registros e a empresa responsável pela manutenção do site legislativo, mas essa explicação não satisfez os críticos.