No próximo sábado (28), a cidade de Pirenópolis será palco de uma exibição cinematográfica especial com o relançamento do filme "Pirenópolis, o Divino e as Máscaras", dirigido por Lyonel Lucini. Originalmente filmado em 1968, a obra, considerada um marco no registro cultural da tradicional Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis, foi restaurada em 2024 e será exibida às 20h30 na Comunidade Educacional de Pirenópolis (COEPI). A entrada é gratuita e a classificação é livre, permitindo o acesso a todos os interessados.
Este curta-metragem, que é uma das primeiras obras cinematográficas a tratar da celebração da Festa do Divino na cidade, possui grande valor cultural, não apenas para o estado de Goiás, mas também para a preservação da cultura popular brasileira. A Festa do Divino Espírito Santo, uma tradição secular em Pirenópolis, é um evento de grande significado religioso e festivo, marcado por rituais, danças e uso de máscaras, que são capturados no filme de forma artística e documental.
A produção do filme foi cercada por desafios históricos. Filmado em 1968, durante o período da ditadura militar no Brasil, o diretor Lyonel Lucini foi expulso da Universidade de Brasília (UnB) devido à repressão política da época. A conclusão do filme, realizada no Rio de Janeiro em 1969, foi possível graças à co-produção entre a UnB, o extinto Instituto Central de Artes (ICA) e o Instituto Nacional de Cinema (INC), instituições que tiveram papel fundamental na história do cinema brasileiro.
A restauração do filme foi coordenada por Mauro Domingues e executada pela Mapa Filmes/Link Digital em 2024, permitindo que o público tenha acesso a essa obra-prima em condições de qualidade aprimorada. O relançamento oferece uma oportunidade única de revisitar a obra e redescobrir suas nuances, destacando a relevância atemporal do registro da cultura popular.
Além de ser o primeiro filme produzido pelo ICA, "Pirenópolis, o Divino e as Máscaras" também é um dos primeiros registros da Festa do Divino Espírito Santo com uma abordagem cinematográfica que vai além do documentário tradicional. A obra foi selecionada para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 1969, uma conquista significativa para a produção de cinema em Brasília. A equipe técnica do filme contou com grandes talentos, como Paulo Gil Soares, responsável pela narração, e Leonardo Bartucci, na fotografia. O espírito colaborativo do projeto também envolveu profissionais emergentes como Hermano Pena, Carlos de la Riva e Alberto Graça, todos contribuindo para a realização do curta.
A exibição da obra faz parte de um esforço para preservar e difundir a cultura popular brasileira, oferecendo uma experiência cinematográfica única para as novas gerações, que terão a oportunidade de conhecer de perto a riqueza e a tradição da Festa do Divino Espírito Santo.
O projeto foi realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, evidenciando o papel do fomento cultural na revitalização de obras fundamentais para o patrimônio brasileiro. O relançamento da obra marca um momento especial para a cidade de Pirenópolis e para o cinema nacional, consolidando a relevância desse registro no cenário cultural.