O Banco Central divulgou na segunda-feira (27) que a taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito atingiu 450,5% ao ano em dezembro, marcando o quarto mês consecutivo de alta e alcançando o maior patamar desde maio de 2023. Apesar disso, os juros do parcelado no cartão caíram de 183,2% para 171,2% ao ano no mesmo período. Com essa redução, a taxa total do cartão de crédito, que combina rotativo e parcelado, recuou de 82,1% para 76,9%.
A economista Adriana Pereira, professora e pesquisadora do Curso de Ciências Econômicas da UEG, explica que o cenário exige atenção por parte dos consumidores. "Os elevados índices das taxas de juros do cartão de crédito influenciam o comportamento de consumo dos anapolinos de diversas maneiras, principalmente na redução do consumo e no aumento do endividamento. Com juros mais altos, o custo total de uma compra parcelada aumenta significativamente, levando os consumidores a adiar grandes compras ou optar por produtos mais baratos", destacou a especialista.
Desde janeiro de 2024, está em vigor a Lei nº 14.690/2023, que limita os juros e encargos financeiros do rotativo a 100% do valor original da dívida. Contudo, o cálculo estatístico do Banco Central extrapola os juros cobrados mensalmente para uma base anual, o que explica os números elevados apresentados no relatório.
Adriana Pereira reforça a importância de monitorar os valores cobrados para evitar abusos. "Considerando que as pessoas não permanecem no rotativo o ano todo, mas apenas por períodos de curto ou médio prazo, geralmente entre 30 e 90 dias, o valor não ultrapassa os 100% da dívida originalmente contratada. Mesmo assim, é fundamental que os consumidores fiquem de olho nas taxas para não incorrerem em pagamentos abusivos", alertou.
O cheque especial, segunda modalidade de crédito mais cara, apresentou uma queda nos juros para 136% ao ano, registrando uma redução de 2,2 pontos percentuais em relação a novembro. Adriana Pereira ressalta que, apesar da queda, essa modalidade ainda exige cautela. "O cheque especial deve ser usado apenas em casos de extrema necessidade, já que não oferece vantagens como acúmulo de milhas e parcelamento de compras, presentes no cartão de crédito", apontou.
Para evitar o endividamento, a economista recomenda alternativas de crédito com taxas mais acessíveis. "O crédito consignado é uma opção interessante, pois apresenta taxas menores devido ao desconto direto na folha de pagamento. Já o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) pode ser uma boa escolha para quem precisa de valores maiores e tem um bom histórico de crédito", disse Adriana.
As variações nas taxas de juros também refletem na economia local. "A elevação dos juros influencia diretamente a economia, pois reduz o consumo, desestimula os investimentos e prejudica o poder de compra da população. Esses fatores acabam por afetar a atividade econômica dos municípios", explicou Adriana Pereira.