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Anapolinos nos EUA relatam apreensão com batidas e deportação em massa

Medidas migratórias de Trump afetam trabalhadores sem documentos e geram incerteza entre imigrantes nascidos em Anápolis

30/01/2025 18h00
Por: Redação
Batida do ICE, departamento de migração dos EUA, em ruas de Chicago, no estado de Illinois
Batida do ICE, departamento de migração dos EUA, em ruas de Chicago, no estado de Illinois

O início do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos já está marcado por medidas radicais no combate à imigração irregular. Na última semana, a Casa Branca anunciou a maior operação de deportação em massa da história do país, com mais de 500 imigrantes presos e centenas já deportados. O endurecimento das políticas migratórias tem gerado apreensão entre brasileiros que vivem nos EUA, especialmente aqueles que ainda não conseguiram legalizar sua situação.

A deportação de imigrantes irregulares foi um dos pilares da campanha de Trump à reeleição e, poucos dias após sua posse, ele já coloca em prática suas promessas. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacou que os primeiros alvos da operação foram imigrantes que entraram no país sem visto, atravessando a fronteira com o México. No entanto, a preocupação se estende a todos os estrangeiros sem status legal definitivo, incluindo aqueles que ainda aguardam aprovação de residência permanente.

Anapolinos sentem os efeitos das deportações

Fabio Adriano Manço, anapolino que já morou nos EUA, retornou ao Brasil e, em dezembro de 2024, voltou novamente para os Estados Unidos, compartilhou sua visão sobre a situação. Os pais dele vivem no norte da Califórnia desde 2013 e ainda aguardam a obtenção do Green Card. Eles trabalham com limpeza de residências, setor que emprega muitos imigrantes latinos.

Fábio relata que, apesar de estarem nos EUA com visto de turista e sem pendências criminais, o medo é constante.

“A galera aqui tá bem preocupada. Eu mesmo, estou em uma situação complicada, porque eu ia fazer um trabalho em um lugar aqui, mas acabou que, por conta dessas mudanças, todo mundo preocupado, decidiu que é melhor ficar quieto. Aí eu estou só trabalhando com os meus pais. O serviço deles é puxado e paga pouco”, conta Fábio.

Segundo ele, os alvos iniciais da operação são imigrantes que entraram ilegalmente, mas a incerteza é grande. “Mesmo assim, se rolar uma blitz de deportação e se meus pais forem pegos, eles podem ter problemas”, afirma.

O impacto econômico das deportações

Além da preocupação individual, Fabio destaca um fator muitas vezes ignorado no debate sobre imigração: o impacto econômico das deportações. Ele observa que grande parte dos serviços básicos nos Estados Unidos são desempenhados por imigrantes, especialmente latinos.

“Na Califórnia, a maioria dos serviços básicos, tipo limpeza urbana, construção, obra, manutenção… você não vê americano fazendo. Os chefes são americanos, mas quem tá no serviço pesado mesmo são os imigrantes. Se mandarem essa galera toda embora, vai ter muito setor com falta de trabalhador”, alerta.

Um estudo da Bloomberg Economics estima que a deportação de todos os imigrantes indocumentados poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em até 8%, afetando um mercado avaliado em US$ 27,3 trilhões.

Atualmente, os imigrantes ilegais representam aproximadamente 23% da população imigrante nos EUA. Entre eles, cerca de 4 milhões são mexicanos (23% do total), seguidos por indianos (6%), chineses (5%), filipinos (4%) e salvadorenhos (3%), conforme levantamento do Pew Research Center. No caso dos brasileiros, o Ministério das Relações Exteriores aponta que quase 2 milhões vivem nos EUA, dos quais 230 mil estão indocumentados.

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